Entre os dias 14 e 17 de junho, a Madalena, a Helena, o Daniel, a Inês, a Luísa e o Miguel, das turmas 10E1, 12E e 12B, acompanhados pelas professoras Maria Cristina Ruivo da Silva e Maria da Glória Torres d’Albuquerque, participaram na atividade ERASMUS CAMP e visitaram Gimonde, Rio de Onor e Bragança.
O principal objetivo da visita de estudo foi conhecer o património histórico-cultural e paisagístico da Terra Fria Transmontana e divulgá-lo aos nossos parceiros do projeto, porque o Parque Natural de Montesinho (área protegida com uma dimensão de cerca de 75 mil hectares) estava no nosso roteiro.
Começamos por Gimonde, uma das aldeias integradas no Parque, cujos atrativos turísticos se desdobram em várias vertentes – gastronómica, paisagística, arqueológica e monumental. Junto à Ponte Velha, uma ponte de origem românica, estava a famosa poldra e nós não resistimos à travessia apeada do rio.
Quarenta minutos de viagem separavam-nos da mais emblemática aldeia comunitária do Parque de Montesinho – Rio de Onor, vencedora, em 2017, das 7 Maravilhas de Portugal, na categoria de Aldeias em Áreas Protegidas. Chegamos, finalmente, e deparamo-nos com ruas estreitas de pedra ladeadas por casas de xisto de dois andares (algumas desabitadas e em ruínas), com varandas de madeira: o andar de cima, destinado à família, e o de baixo, ao gado e produtos agrícolas. A igreja de xisto, o forno comunitário, o moinho, a forja, o lavadouro, a Casa do Touro (casa-museu), a ponte romana e, uns passos à frente, a aldeia espanhola de Riohonor de Castilla.
Nesta comunidade, a palavra fronteira sempre significou união. Basta pensarmos que é o único povo com um governo e leis próprias. Os apelidos mais frequentes são «Preto» e «Prieto», no caso português e espanhol, respetivamente. O dialeto local, o rionorês, parece ser muito influenciado pela língua leonesa.
Já na antiga taberna da aldeia, agora transformada em loja de artesanato, encontramo-nos com o Sr. Bernardino Prieto que nos contou como se vivia na aldeia comunitária, onde todos os habitantes partilhavam terrenos agrícolas, rebanhos e forno e, assim, ajudavam-se uns aos outros, honrando a palavra dada. Na realidade, todos colhiam os benefícios, mas os que infringiam as regras comunitárias eram multados. Estas multas, normalmente, eram pagas em vinho e ficavam registadas na «Vara da Justiça».
Hoje em dia, com o envelhecimento da população e a desagregação da vida agropastoril, o comunitarismo em Rio de Onor está em vias de extinção. Cerca de meia centena de portugueses e uma dezena de espanhóis, quase todos idosos, vivem nas duas aldeias, porque os mais jovens partiram à procura de uma vida melhor. A grande esperança dos poucos habitantes de Rio de Onor reside, agora, no turismo.
Como «turistas» reservámos o último dia para a histórica cidade de Bragança, visitada por romanos, suevos e visigodos. Nós, mais uma vez, não resistimos a um passeio pedestre pelo centro histórico – Sé e diversos solares, edificados entre os séculos XVI e XVII – até ao antigo paço episcopal, o Museu Abade de Baçal, que nos permitiu contactar com coleções de arqueologia, de ourivesaria e de arte sacra.
Dirigimo-nos, depois, para o núcleo urbano mais antigo e para os monumentos mais conhecidos de Bragança, situados na Cidadela: a Igreja de Santa Maria (séc. XIV), o Pelourinho medieval com uma invulgar porca na base, a Domus Municipalis (edifício do século XII que terá acumulado as funções de cisterna com a de local de reunião dos “homens bons”), o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, onde estão expostos os fatos e as máscaras das festas de inverno e de carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro e da província espanhola de Zamora, incluindo os famosos Caretos de Podence, o Castelo e a sua torre de menagem que integra o Museu Militar, fundado em 1932. O espólio do museu é constituído por peças doadas por militares que participaram em campanhas de África e de França, durante a I Guerra Mundial e pela coleção particular do Coronel António José Teixeira.
Os dias passaram a correr e «aquele que retorna de uma viagem não é o mesmo que aquele que partiu», porque se viveram momentos de partilha de conhecimento e de afetos que temos de agradecer, também, ao senhor tenente-coronel José Fernandes pela sua disponibilidade, pelo seu apoio e pela forma como nos recebeu.
A Equipa Erasmus+